El arquitecto suizo Peter Zumthor, en su libro. Atmósferas (Gustavo Gili, 2008) , entre otras cosas, dice lo siguiente: "Entro en un edificio, veo un espacio y percibo una atmósfera, y, en décimas de segundo, tengo una sensación de lo que es. La atmósfera habla a una sensibilidad emocional, una percepción que funciona a una increíble velocidad y que los seres humanos tenemos para sobrevivir. No en todas las situaciones queremos recapacitar durante mucho tiempo sobre si aquello nos gusta o no, sobre si debemos salir corriendo de allí. Hay algo dentro de nosotros que nos dice enseguida un montón de cosas: un entendimiento inmediato, un rechazo inmediato. Naturalmente, conocemos bien la respuesta en el ámbito de la música. En el primer movimiento de la sonata para viola de Brahms (Sonata nº 2 en mi bemol mayor para viola y piano), cuando entra la viola, en un par de segundos ya está ahí, y no sé bien por qué. Y algo parecido ocurre en el ámbito de la arquitectura. No tan poderosa como en la más grande de las artes, la música, pero también está ahí".

Mi deseo seria crear en este blog una atmósfera, nada más que una atmósfera.


martes, 14 de febrero de 2012

Los sonrientes de Gonçalo M. Tavares

Foto de Nina Leen

 O país ingênuo
`A tristeza era tanta que os sorrisos passaram a ser pagos. Alguns funcionários do Estado, disfarçados, diluídos na multidão das cidades, observavam os poucos cidadãos sorridentes que passavam, e, discretamente, mandavam-nos parar.

Apresentavam-se: Funcionários do Estado!, diziam, e pediam depois a identificação do sorridente. Registavam nome e morada.

Ao fim do mês, os referidos cidadãos recebiam o cheque. Durante o mês de fevereiro foi visto três vezes a sorrir na rua – estava escrito – com data e hora - no pequeno documento que acompanhava o dinheiro.

A quantia dada por cada sorriso não era uma fortuna, mas digamos que ser visto pelo Estado a sorrir nove vezes durante um mês dava perfeitamente para viver sem dificuldades.

Pois bem, em pouco tempo o clima emocional do país alterou- se por completo. Seja por avidez ou pela própria natureza das coisas o país em dois anos tornou-se conhecido pelo “permanente e impressionante optimismo dos seus cidadãos”, como se dizia numa agência de notícias internacional.

Os subsídios do Estado aos sorrisos terminaram pouco tempo depois; mas como ninguém informou os cidadãos eles mantiveram aquele sorriso estúpido, repugnante, desadequado, inútil, sem razão de ser.´

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